Projeto do trem-bala é insano, diz Maílson da Nóbrega

São Paulo – O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega considera “insano” o projeto de construção do trem-bala, que ligará Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. A obra está orçada pelo governo federal em R$ 33 bilhões.

“Não há a menor justificativa social, econômica e política para a construção do trem-bala. O projeto é insano e se tornou uma obsessão de burocratas”, diz Maílson da Nóbrega.

Após dois adiamentos, o leilão que decidirá as empresas que vão tocar o projeto está previsto para o final de julho (veja cronograma na próxima página).

Nesta segunda-feira (18), diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, admitiu que a concorrência pública para a construção do trem de alta velocidade (TAV) ainda pode sofrer alterações com o objetivo de criar melhores condições para que mais empresas sejam atraídas. Porém, ele descartou novas prorrogações. “Esses ajustes não implicam adiamento,” garantiu.

Além de dar mais tempo para as empresas se organizarem para o leilão, o governo argumentou que o novo adiamento do leilão foi necessário por causa da demora na aprovação, pelo Congresso Nacional, do empréstimo de R$ 20 bilhões que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai conceder ao grupo vencedor.

A Medida Provisória 511, aprovada no dia 13 de abril, prevê ainda subsídio de R$ 5 bilhões no pagamento dos juros do projeto em caso de frustração do número de passageiros previsto pelo vencedor do leilão.

Recentemente, o presidente do Conselho de Administração da Azul Linhas Aéreas, David Neeleman, disse não acreditar que o trem de alta velocidade sairá do papel. “Acho que não vai sair. Acredito que o custo do projeto é duas vezes mais caro do que as pessoas pensam.”

Analistas têm criticado os subsídios oferecidos pelo BNDES em financiamentos a diversos setores da economia. Ao cobrar uma Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) de 6% num ambiente inflacionário também de 6% ao ano, na prática, o banco empresta a juro real zero. Como o BNDES recebe aportes do Tesouro Nacional, que paga taxa Selic (11,75% ao ano) para captar recursos, as operações são deficitárias para os cofres públicos.

“É preciso mobilizar a opinião pública contra esse projeto incompatível com as necessidades do Brasil”, afirma Maílson da Nóbrega, que coordenou, na semana passada, um debate sobre as necessidades de investimentos em infraestrutura no Brasil durante seminário promovido pela Tendências Consultoria, da qual é sócio-diretor.

Leilão do trem-bala já foi adiado duas vezes. Agora vai?

Fonte: EXAME.ABRIL.COM.BR

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