Precisamos de educação diferente de acordo com a classe social

Gustavo Ioschpe

NASCE UMA LEI - A sugestão que fiz em VEJA recebeu grande acolhimento e deu origem a dois projetos de lei, de autoria dos deputados Edmar Arruda e Ronaldo Caiado, que já chegaram à Comissão de Educação da Câmara, na qual serão relatados por Lelo Coimbra (Eraldo Peres/AP)

No fim do artigo do mês passado, lancei aos nossos congressistas uma sugestão: que façam uma lei determinando que toda escola pública coloque uma placa de boa visibilidade na entrada principal com o seu Ideb. A lógica é simples. Em primeiro lugar, todo cidadão tem o direito de saber a qualidade da escola que seu filho frequenta. Hoje, esse dado está "escondido" em um site do Ministério da Educação. É irrazoável achar que um pai que nem sabe o que é o Ideb vá encontrar esse site. Já que o dado existe e é de grande relevância para a vida do aluno e de sua família, não vejo nenhuma razão pela qual ele não seja divulgado para valer. Em segundo lugar, acredito que essa divulgação pode colaborar para quebrar a inércia da sociedade brasileira em relação às nossas escolas. Essa inércia está ancorada em uma mentira: a de que elas são boas. Os pais de nossos alunos, tanto das instituições públicas quanto das particulares, acham (em sua maioria) que a escola de seus filhos é muito melhor do que ela realmente é (em outra oportunidade falarei sobre as escolas particulares). Não é possível esperar uma mobilização da sociedade em prol da educação enquanto houver esse engano. Ninguém se indigna nem se mobiliza para combater algo que lhe parece estar bem. E não acho que seja possível a aprovação de qualquer reforma importante enquanto a sociedade não respaldar projetos de mudança, que hoje são sempre enterrados pelas pressões corporativistas.

A sugestão desencadeou dois movimentos rápidos, enérgicos e antagônicos. Por um lado, houve grande acolhimento da ideia entre os reformistas. Ela deu origem a dois projetos de lei no Congresso, dos deputados Edmar Arruda e Ronaldo Caiado, que já chegaram à Comissão de Educação da Câmara, na qual serão relatados por Lelo Coimbra. Já foi aprovada como lei municipal em Teresina, em projeto de Ronney Lustosa, e tramita como lei estadual no Piauí e em Mato Grosso. Está em discussão em outras cidades, entre elas São Paulo, onde o vereador Floriano Pesaro e o secretário de Educação, Alexandre Schneider, desenvolvem o projeto de lei. Depois que lancei a ideia nas páginas de Veja, vários veículos de mídia já a apoiaram: a Folha de S.Paulo, o Grupo RBS, o Grupo ORM e o jornal O Globo. Nizan Guanaes cedeu o talento do seu Grupo ABC para trabalhar na formatação gráfica e na normatização da placa.

Ao mesmo tempo, a proposta vem sofrendo resistências. As críticas são interessantes: escancaram uma visão amplamente difundida sobre os nossos problemas educacionais que não podemos mais ignorar ou tentar contornar. Precisam ser endereçadas. São compartilhadas por gente em governos, na academia, por jornalistas e ongueiros. É uma mistificação inclusiva, que acolhe pessoas de todas as idades, geografias, níveis de renda e intelectual.
Disporia essa visão em três grupos, que postulam o seguinte: 1. para o aluno pobre, o objetivo principal é estar na escola; se aprender, é um bônus; 2. a finalidade da escola deve ser o bem-estar do professor; 3. é impossível esperar que o aluno pobre, que mora na periferia e vem de família desestruturada, aprenda o mesmo que o de classe média ou alta. Claro, ninguém diz isso abertamente, mas é o corolário do seu pensamento. Vejamos exemplos.

Grupo 1: o secretário da Educação do Rio Grande do Sul, José Clovis de Azevedo, declarou, em evento oficial em que falou como palestrante, a respeito de uma escola que tem o mais baixo Ideb de uma cidade da Grande Porto Alegre, que "o importante dessa escola não é o Ideb, mas o fato de ser uma escola inclusiva", pois recebe alunos de áreas de baixa renda etc. Essa é apenas uma manifestação mais tosca e descarada de um sentimento que você já deve ter encontrado em uma roda de conversa quando, por exemplo, alguém defende a escola de tempo integral porque tira a criança da rua ou do contato com seus amigos e familiares. É como se os pobres fossem bárbaros e a função da escola fosse civilizar a bugrada. O próprio MEC utiliza o conceito de "qualidade social" da educação, em contraposição a "qualidade total", esta última representada pelo apren-dizado dos alunos. Não conheço nenhuma definição acurada e objetiva do que seria essa "qualidade social", então utilizo a de um site da UFBA: "A Qualidade Social da Educação Escolar, para o contexto capitalista global em que se encontram nossas escolas, diz respeito ao seu desempenho enquanto colaboradora na construção de uma sociedade mais inclusiva, solidária e justa". A minha visão de educação é de que a inclusão social se dará justamente por meio do aprendizado dos conteúdos e das competências de que esse jovem precisará para ter uma vida produtiva em sociedade: todas as pesquisas indicam que gente mais (e bem) instruída recebe maiores salários, e é através desse ganho de renda que as populações marginalizadas se integrarão aos setores não marginalizados da sociedade e romperão o ciclo secular de pobreza e exclusão. Acho criminoso contrapor essa "qualidade social" ao aprendizado ou usá-la como substituição deste, porque sob nenhuma condição o ignorante e despreparado poderá triunfar no mundo real. Muitos educadores acham que seu papel é suprir as carências - de afeto, higiene, valores de vida etc. - manifestadas pelos alunos. Podem não conseguir alfabetizá-los ou ensinar-lhes a tabuada, mas "a educação é muito mais que isso", e há uma grande vantagem: o "muito mais que isso" não é mensurável e ninguém pode dizer se a escola está fracassando ou tendo êxito nessa sua autocriada missão.

Outra secretária, Rosa Neide, de Mato Grosso, é boa representante do grupo 2. Ao comentar a proposta de lei em palestra recente, Rosa afirmou ser contrária a ela, pois sua aprovação traria grande dificuldade à secretaria, que se veria atolada de pedidos de alunos de escolas ruins querendo ir para escolas boas, e também causaria grande estigma aos professores das escolas ruins. É uma visão ecoada por muita gente boa que, sempre que ouve alguma medida da área educacional, se pergunta como isso impactaria seus profissionais. Parte das pessoas que pensam assim o faz por cálculo político: quer ficar "bem na foto" com os "coitados" professores, ou pelo menos não tomar as bordoadas destinadas àqueles que não se submetem à sua cartilha. Parte o faz por reflexo espontâneo: a discussão sobre o tema no Brasil foi de tal maneira dominada, nas últimas décadas, pelas corporações de seus profissionais que eles se tornaram nossa preocupação número 1. Ouvimos a todo instante sobre a necessidade de "valorizar o magistério" e "recuperar a dignidade do professor", que é um adulto, que escolheu a profissão que quis trilhar e é pago para exercê-la. Apesar de o aluno ser uma criança e de ser obrigado por lei a cursar a escola, nunca vi ninguém falando na valorização do alunado ou na recuperação de sua dignidade. Por isso, faz-se necessário dizer o óbvio: a educação existe para o aluno. O bom professor (assim como o diretor e os demais funcionários) é uma ferramenta - importantíssima - para o aprendizado. Mas ele é um meio, não um fim em si. Se o professor estiver satisfeito e motivado e o aluno ainda assim não aprender, a escola fracassou. O lócus das nossas preocupações deve ser, em primeiro lugar, o aluno. Em segundo, o aluno. E em terceiro, aí sim... o aluno.

Mas sem dúvida a oposição mais comum vem dos membros do grupo 3, que usam a seguinte palavra mágica: contextualizar. Escreve Pilar Lacerda, secretária da Educação Básica do MEC: "Divulgar o Ideb é necessário. Mas o contexto onde está a escola faz muita diferença nos resultados. Por isso é perigoso (sic) uma comparação ‘fria’ dos resultados". Quer dizer: não é possível avaliar a escola de alunos pobres e ricos da mesma maneira. Não se pode esperar que pobres aprendam o mesmo que ricos, por causa da influência do meio sobre o aprendizado. De forma que colocar uma placa com o aprendizado em uma escola sem atentar para o contexto social em que ela está inserida seria dar uma falsa impressão da verdadeira qualidade daquela escola e do esforço de seus profissionais. Essa visão é caudatária de um mal que acomete grande parte dos nossos compatriotas: o de achar que o esforço importa mais que o resultado. Ela pode dar algum conforto para os tropeços que alguém sofre em sua vida pessoal, mas na vida pública de um país, especialmente quando lidamos com gente com dificuldades, acho que devemos ser radicais: o esforço é absolutamente irrelevante, só o que importa é o resultado. Nesse caso, o aprendizado dos alunos. Tanto para o aluno quanto para o país. Porque aquele aluno, quando sair da escola e for buscar um emprego, não vai poder dizer: "Eu não sei a tabuada, não falo inglês nem sei o que é o pretérito imperfeito, mas o senhor deveria me contratar, porque eu nasci numa favela, meu pai me abandonou quando eu tinha 2 anos". Da mesma forma, se exportarmos um produto mais caro e de menor qualidade que seus concorrentes, não poderemos esperar que o consumidor final decida comprar o nosso produto por ele conter uma etiqueta que diga: "Atenção, produto fabricado em país que só aboliu a escravidão em 1888 e foi vitimado por secular colonialismo predatório". O que importa é aquilo que o aluno aprende. É mais difícil fazer com que esse aluno, nesse contexto, aprenda o mesmo que outro de boa família? Sem dúvida! Mas o que precisamos fazer é encarar o problema e encontrar maneiras de resolvê-lo. O problema dessas escolas não é como os seus resultados ruins são divulgados, se serão servidos frios, quentes ou mornos: o problema são os resultados! E, quando começamos a querer escamotear a realidade, a aceitar desculpas, quem sofre é o aluno. Dados do questionário do professor da penúltima Prova Brasil tabulados pelo economista Ernesto Faria para a revista Educação mostram que mais de 80% dos mestres dizem que o baixo aprendizado "é decorrente do meio em que o aluno vive". Mais de 85% dos professores também apontam "o desinteresse e a falta de esforço do aluno" como razões para o insucesso da escola. A China mostra que a ideia de que não pode haver educação de alto nível em cenário de pobreza é balela: no último Pisa, o teste de educação mais conceituado do mundo, sua província de Xangai, que tem nível de renda per capita muito parecido com o brasileiro (11 118 dólares versus 10 816 dólares no Brasil), apareceu em primeiro lugar em todas as disciplinas estudadas, enquanto o Brasil não ficou nem entre os cinquenta melhores. Relatório recente da OCDE (disponível em twitter.com/gioschpe) mostra que nosso país também fica na rabeira na recuperação de seus alunos pobres: aqui, só 22% dos alunos de baixa renda têm performance alta, enquanto na média dos países da OCDE esse número é de 31%, e na China é de 75%. Nosso problema não é termos alunos pobres: é que nosso sistema educacional não sabe como ensiná-los, e está mais preocupado em encontrar meios de continuar não enxergando essa deficiência do que em solucioná-la. Por isso eu digo: precisamos, sim, de ensino e padrões diferentes para ricos e pobres. Mas é o contrário do preconizado pela maioria: precisamos que a escola dos pobres ensine mais do que a dos ricos. É difícil? Muito. Mas deve ser a nossa meta. Porque, se não for, não estaremos dando igualdade de oportunidades a pessoas que já nascem com tantos déficits em sua vida. E, se o Brasil como um todo não melhorar seu nível educacional, jamais chegará ao Primeiro Mundo. Esse é o non sequitur desse pensamento dos "contextualizadores": seria necessário nos tornarmos um país de gente rica para que pudéssemos dar educação de qualidade a todos. Mas a verdade é que o salto da educação precisa vir antes: sem educação de qualidade, não teremos desenvolvimento sustentado. Podemos nos enganar com um crescimento econômico puxado pela alta de valor das commodities, mas em algum momento teremos de encarar a realidade: um país não pode ser melhor, mais rico e mais bem preparado do que as pessoas que o compõem.

Anderson Schneider


A MISTIFICAÇÃO de que, para o aluno pobre, o objetivo principal é estar na escola e de que aprender é um bônus precisa ser combatida

Philippe Lopez/AFP


O EXEMPLO ASIÁTICO - A China mostra que a ideia de que não pode haver educação de alto nível em cenário de pobreza é balela. No último Pisa, a província chinesa de Xangai, que tem nível de renda per capita muito parecido com o brasileiro, deu um show

Fonte: Veja.Com

“Enquanto o governo se debate com dificuldades reais, Lula rodopia País afora criando uma realidade paralela de ufanismo.”

Mil e uma utilidades - DORA KRAMER - O ESTADÃO - 19/07/11

“Enquanto o governo se debate com dificuldades reais, Lula rodopia País afora criando uma realidade paralela de ufanismo.”

Em projetos bem delineados de poder não há coincidência nem acaso. Descontados eventuais erros de cálculo, predomina a estratégia. Cada passo é pesado e medido de acordo com o objetivo pretendido.

Quando surgiu em meio ao episódio Antonio Palocci combinando atritos em toda a base por causa da desatenção da presidente Dilma Rousseff em relação ao Congresso, o ex-presidente Lula mais atrapalhou que ajudou.

A despeito das pesquisas de opinião mostrando que a maioria vê com bons olhos atos do antecessor que venham a compensar deficiências da sucessora, naquele momento não estava em jogo esse tipo de avaliação.

Mais importante era a percepção do mundo político, e a parcela mais bem informada da população permanentemente engajada no acompanhamento do desempenho governamental.

Para esse setor o resultado foi o oposto do pretendido, pois contribuiu para a fragilização da imagem da presidente como responsável pela condução do barco.

Refeito o cálculo, Lula recolheu-se e ficou na retaguarda.

Semana passada, em meio ao pesado charivari político-policial no Ministério dos Transportes, Lula reapareceu. Mas o fez em nova roupagem.

Já não mais se apresentou como o interlocutor dos partidos da base governista, no que foi criticado por, na prática, usurpar o poder de Dilma.

Ressurgiu em seu mais competente personagem: o de líder de massas, animador e exímio criador de cenários paralelos capazes de dividir, quando não desviar, as atenções do que requer foco e seriedade.

Enquanto em Brasília a presidente se via às voltas com a recalcitrante crise no PR, com atitudes ora elogiáveis, ora condenáveis, ora incompreensíveis, Lula atraía para si boa parte do noticiário com shows onde o sucesso é garantido: congressos da União Nacional dos Estudantes e da União Geral dos Trabalhadores, no Rio e em São Paulo.

Não fez nada de extraordinário. Apenas repetiu o que costumava fazer quando presidente. Na UNE redesenhou um conflito com a imprensa, a fim de levantar o estandarte do inimigo a ser combatido (qualquer um, menos o governo).

Na UGT levou ao delírio o auditório atacando as elites que “não se conformam” que o trabalhador possa comprar carro, eletrodomésticos e andar de avião.

Sem dizer quem é contra a inclusão de brasileiros no mercado de bens e serviços nem esclarecer que o estímulo desenfreado ao consumo sem planejamento e investimento em estrutura para sustentá-lo, produz desconforto urbano e serviços de baixa qualidade.

Para todos.

Lula não pode ser criticado por continuar a atuar politicamente depois de deixar a Presidência, embora não confira o mesmo direito a outros que, para ele, devem se recolher ao ostracismo como sinal de boa vivência na condição de ex-presidente.

Mas os movimentos de Lula podem e devem ser analisados à luz de suas intenções.

A maioria interpretou que ele está em campanha. Parece pouco: ele nunca deixou de fazer campanha, dado que sua lógica é sempre eleitoral.

Disseram também que já abriu a temporada de caça de votos para 2014. Parece precipitado: tanto que quando Dilma ou Lula fazem referência à hipótese de a presidente concorrer à reeleição as análises sobre a certeza da volta em 2014 imediatamente adotam o pressuposto contrário e não param mais em pé.

A eleição presidencial será definida mais à frente. O que se tem agora é um governo representativo de uma etapa a ser cumprida em nome do projeto de poder referido lá no início.

É a essa etapa que Lula se dedica agora. Tocando esse projeto no papel que desempenha melhor: o de ilusionista. Enquanto o governo se debate com dificuldades reais, Lula rodopia País afora criando uma realidade paralela de ufanismo e reforçando nas mentes que ele está firme no papel de garantidor do Brasil por ele inventado.

Assegura o eleitorado de sempre, não deixando espaço para a oposição se aproveitar das deficiências da sucessora. Dilma, de seu lado, faz o que pode no sentido oposto, de um jeito meio atrapalhado, mas ao gosto de quem não gosta de Lula.

Na hora da eleição, será somar dois mais dois, e se der cinco, como ensina o livro do MEC, melhor ainda.

LULA, O MENTIROSO DE SEMPRE!

Palanqueando no Congresso Nacional da União Geral dos Trabalhadores, o MENTIROSO contumaz, disse: “Como cidadão brasileiro, serei o lobista número 1 das causas sociais. Quem tiver um problema social pode me contar que farei lobby com o Gilberto Carvalho, ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência, e com a Presidente Dilma Rousseff para que possa resolver isso, afirmou.” E mais: “Nunca antes na história deste país houve um presidente que tratou os trabalhadores com o respeito que eu tratei que recebeu as Centrais Sindicais a quantidade de vezes que eu recebi”.

Quando em campanhas eleitorais, e não foram poucas as promessas para a classe trabalhadora e aos aposentados, assegurou que faria e não cumpriu, e mesmo tendo à sua disposição todas as possibilidades. Foi assim que agiu ao vetar em maio de 2010 o fim do fator previdenciário que fora aprovado pelo Congresso. Antes, e como candidato não só prometeu extingui-lo, assim como junto e pelo seu partido entrou com demanda no STF para considerá-lo inconstitucional. Mera bravata. No mesmo veto (MPV-475) não concedeu a 8,4 milhões de aposentados e pensionistas menos de 2% que os igualaria em reajustes ao mesmo concedido ao piso previdenciário.
O seu partido, o PT era o guardião da ética e da moralidade, o que deixou de ser tão logo assumiu o poder em 2003. O que se viu nos seus oito anos de desgoverno foram escândalos e mais escândalos de corrupção, tendo um dos ápices o “mensalão” que ele MENTIU dizendo que não sabia da nada. Os seus Ministros quando flagrados com a boca na botija, só saíram do governo, por força das insistentes denúncias da imprensa, mesmo assim, após longos períodos de relutâncias e insistência em manter os farsantes nos cargos. Aliás, este é um comportamento normal dos governos do PT.

Estão aí, os recentes casos Antonio Palocci, mais uma vez; Alfredo Nascimento, Luiz Antonio Pagot, etc. Em dezessete semestres de administração do lulopetismo-fisiológico, e que continua neste governo, foram 12 ministros expurgados do, e pelo próprio governo por denúncias de corrupção, enriquecimento ilícito, prevaricação e até formação de quadrilha.

Quando ele, na sua ótica desfocada, falou que foi o melhor presidente para os trabalhadores, continuou MENTINDO. Na verdade, ele foi o pior presidente para trabalhadores e ex-trabalhadores que são os aposentados e pensionistas de hoje. No seu desgoverno, as perdas chegaram a 34% em relação à variação concedida ao salário mínimo; – foram 8,4 milhões de famílias prejudicadas. E não ficou só por aí, senão, vejamos:

– Em 1988, quando candidato, no Programa Sílvio Santos, respondendo a uma senhora, que lhe perguntou o que ele iria fazer para melhorar a situação dos aposentados e pensionistas, o MENTIROSO respondeu que ele iria fazer tudo para melhorar a vida dos aposentados e pensionistas, pois, os ex-presidentes tinham jogado os mesmos na lata do lixo. Prometeu que daria o mesmo tratamento que os aposentados europeus tinham nos seus países, para viajarem e gozarem a vida. Em 2002 se elegeu e tomou posse em 2003, daí em diante foi só perseguição aos aposentados e pensionistas, concedendo-lhes reajustes menores que os aplicados ao salário mínimo, defasando como já supracitado.

– Quando FHC criou o maldito Fator Previdenciário, o PT e o ex-presidente foram terminantemente contra;

-Em 2010, o Congresso Nacional derrubou o Fator Previdenciário, e ele o vetou. Esse Fator condena o trabalhador do sexo masculino a uma perda de 40%, e de 50% para o sexo feminino, quando requer a sua aposentadoria. O Fator Previdenciário prejudica o trabalhador atual, que, para não perder dinheiro, continua na ativa, esperando que o mesmo venha a cair para poder se aposentar. Isso é beneficiar o trabalhador?

– Em 2006, vetou reajuste de 16,67% aprovado pelo Congresso Nacional para o salário mínimo, extensivo aos aposentados e pensionistas, nos concedendo apenas 5,1%;

– Os Projetos Legislativos de números 01/07, 3299/08 e 4434/08, aprovados por unanimidade no Senado Federal, e já aprovados pelas Comissões na Câmara, estão prontos para serem votados em plenário há mais de três anos, porém, o presidente MENTIROSO “determinou” ao Presidente da Câmara, Michel Temer, que não os colocasse em votação. A ordem foi fiel e vergonhosamente cumprida. Até hoje, os PL’s continuam engavetados por ordem da pseudopresidente Dilma, e o atual presidente da Câmara, Deputado Marco Maia, ex-metalúrgico, cumpre a determinação à risca. Esses projetos beneficiarão sobremaneira a nossa classe, sem comprometer a economia do país, como amplamente comprovado;

– O Presidente e seus Ministros, alegavam que a Previdência Social é deficitária e que se concedessem os reajustes, a mesma quebraria. Mais uma MENTIRA do ex-presidente.

- O RGPS – Regime Geral da Previdência Social/Urbano é SUPERAVITÁRIO. Em 2010, ano em que ainda desgovernava o presidente MENTIROSO, o superávit foi de R$7,8 bilhões no sub-regime urbano e onde todas as maldades incidem. O problema da Previdência Social está no bolo comum a que foram juntadas as contas com os outros Regimes deficitários e sem nexo contributivo como o urbano;

– O RGPS/Rural, é assistencialista, e em 2010, gerou um déficit de R$50,7 bilhões, portanto, deveria sair do Tesouro Nacional; isto é um custo da nação e não dos contribuintes e ex-contribuintes do RGPS. O RPPS/ Regime Próprio da Previdência Social/Funcionários Públicos da União, gerou um déficit de R$51,2 bilhões, cujo déficit o Tesouro Nacional, ou seja, a sociedade brasileira paga a 982 mil ex-servidores públicos. Tal gasto equivale aos gastos com Educação Pública pelo governo federal e que financia livretos que não só ensinam os jovens a escrever errado como desaprender aritmética.

O RGPS/Urbano, ao qual nós pertencemos, é o único que é SUPERAVITÁRIO. E como tal, o governo não quer abrir mão desses R$ bilhões. Enquanto isso, pela irresponsabilidade do governo, que unilateralmente quebra um contrato assinado entre ele e os trabalhadores, leva os oito milhões e quatrocentos mil aposentados e pensionistas a uma derrocada total, nos obrigando a viver em condições sub-humanas, e humilhantes a quem contribuiu por décadas.

Os aposentados e pensionistas do RGPS/Urbano estão pagando pela MENTIRA de um presidente que não cumpriu as suas promessas de campanha e durante os seus dois mandatos, tudo fez para prejudicar ex-trabalhadores, além de descumprir o Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741, de 1º/10/2003, por ele sancionado.

Está ai, ex-presidente que MENTE o senhor disse que, quem tiver problema social, lhe avise – que o senhor irá ao Gilberto Carvalho e a Presidente Dilma, para que possam resolver o problema. Estamos com problema sim, somos milhões de famílias que foram brutalmente prejudicados pela sua política previdenciária genocida. Vá lá e cumpra a sua promessa de campanha antecipada para 2014! Só devo lembrar-lhe que, os aposentados e pensionistas não acreditam mais em suas promessas. Aliás, eu nunca acreditei!

O que se esqueceu de dizer, e isto infelizmente para o Brasil é verdade, é que ele foi o melhor presidente para os banqueiros. “Nunca na história deste país,” banqueiro ganhou tanto dinheiro. Só da dívida interna, esse infeliz pagou aos banqueiros, durante os seus oito anos de desgoverno, a incrível quantia de R$7.154,5 trilhões, sendo: R$5.939,1 trilhões de amortização e mais R$1.215,4 trilhão de juros, tendo recebido de FHC, uma dívida de R$645 bilhões. Como herança maldita, ele deixou para Dilma Rousseff, a estupenda dívida interna de R$2.388 trilhões e sob os maiores juros do planeta. Repito, recebeu de FHC, a dívida de R$645 bilhões. Se fosse tão bom para os trabalhadores, não comprometeria o futuro dos mesmos, com uma dívida interna deste valor, comprometendo o futuro das novas gerações.
O ex-presidente está solto na buraqueira. Diz e faz o que quer, mentindo e enganando o povo que lhe deu confiança.

Resta agora, o povo acordar e desde já, sem perda de tempo acabar com essa desfaçatez etílica, com que ele escarnica aos verdadeiros trabalhadores e aposentados do Brasil.

Belém-PA, 17 de julho de 2011 - Odoaldo Vasconcelos Passos - Aposentado/Belém-PA

Fonte: Companhia dos Aposentados

Revista Time diz que Brasil é a antítese da China

iG São Paulo: Julho, 10 de 2011 - Olivia Alonso, enviada especial do iG a China
O Brasil é a antítese da China, diz Ruchir Sharma, diretor de mercados emergentes do banco de investimento Morgan Stanley em um artigo para a revista norte-americana Time Magazine. Ele brinca com a frase “Deus é brasileiro”, e diz que se o País não realizar reformas necessárias será difícil crescer mesmo os 4% esperados para os próximos anos. “Se conseguir mais que isso, então talvez Deus realmente seja brasileiro,” afirma.

Sharma compara o Brasil com a China, afirmando que enquanto o país asiático possui uma moeda barata, um alto nível de poupança e um baixo custo de capital, “o Brasil é o oposto em todos os aspectos, inclusive no que deveria fazer para continuar crescendo.”

Enquanto a China precisa reduzir sua compulsão por investimentos, ter uma rede melhor de seguridade social e deixar sua moeda valorizar um pouco, o Brasil precisa de menos gastos com seguridade social, mais investimentos e de uma moeda mais barata, defende Sharma.
No artigo, chamado de “Brasil, o não-China”, ele fala do grande fluxo de capital estrangeiro que vem entrando no Brasil, o que vem contribuindo para a valorização do real, e “o que pode ser sentido em uma viagem ao País”.

“Quartos de hotel em Rio de Janeiro custam mais do que no sul da França. Restaurantes em São Paulo são mais caros do que em Paris. Bellinis são mais baratos em Veneza. Apartamentos no Leblon vendem mais do que em frente ao Central Park,” diz Sharma.

Em seguida, afirma que "há algo errado" quando um país de renda média tem uma moeda de país rico. “A sobrevalorização do real é um sintoma de economia seriamente desequilibrada.”

A entrada de dólares no País, ele explica, é impulsinada pelo alto custo das commodities e do alto juro brasileiro, mas ele alerta para a formação de uma bolha de dinheiro especulativo (“hot money”) no Brasil. Segundo Sharma, apenas uma parte da riqueza que chega no território brasileiro é investida em infraestrutura. Ele lembra também que o País usa somente 3% de suas receitas para este fim. “Não admira que exista morosidade excessiva nos portos e nas estradas. Agora é comum para altos executivos brasileiros viajar por toda São Paulo de helicóptero, a fim de evitar o tráfego da cidade,” completa.

O chefe de mercados emergentes do Morgan Stanley lembra que o Brasil teve em sua história recente um período de hiperinflação e estagnação econômica, mas que ressurgiu. “Sua taxa de crescimento dobrou nos últimos anos. Mas agora o Brasil está atolado pelo fardo do “grande governo,” acrescenta.

Sharma destaca que os gastos do governo são altos, de 35% da economia – em comparação com uma média de 25% em outros mercados emergentes. “A maior parte dele vai para a pensões generosas e programas de previdência, em vez de para a construção de estradas ou melhorar as escolas.” Ele menciona ainda que o Brasil é mal posicionado em rankings de educação, “aparecendo depois da maioria dos outros países de renda média.”

O artigo afirma que os investidores estrangeiros “encobrem essas deficiências” e concentram-se na estabilidade que o Brasil tem alcançado desde a crise dos anos 80 e 90, e nas commodities, “do minério de ferro ao café”, além do esperado petróleo de águas profundas. Mas acrescenta que a “moda” das commodities acaba contribuindo para elevar o valor do real a um nível que “fere outras indústrias”.

Como os brasileiros estão gastando muito com importações, diz Sharma, o saldo da conta corrente está no vermelho. “Se os preços das commodities caírem, esse buraco se tornará incontrolável,” diz. Tudo isso, conclui o diretor do Morgan Stanley, faz do Brasil a antítese da China.

A China tem 174 aeroportos comerciais em ótimas condições, limpos, organizados e modernos. Mesmo nos horários de maior fluxo, é difícil se deparar com longas filas. Trens e esteiras rolantes ajudam no deslocamento de um terminal a outro e não há tumulto para pegar as bagagens. “Na China, qualquer aeroporto pequeno tem oito pistas de bagagem,” comenta Tang Wei, diretor da Câmara Brasil China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE). Apenas como comparação, Congonhas, o segundo mais movimentado do Brasil, tem apenas cinco esteiras para a retirada das malas.

Nos próximos cinco anos, a China planeja investir R$ 360 bilhões para construir outros 56 novos aeroportos, disse Li Jiaxiang, diretor da Administração Geral da Aviação Civil (CAAC) da China, em uma conferência, em março deste ano. Os aportes levarão o número atual a 230. Enquanto isso, os investimento do Brasil na área devem ser 40 vezes menores, somando cerca de R$ 9 bilhões, até 2014, segundo informações da Infraero.

Este é apenas um exemplo da voracidade chinesa para melhorar sua infraestrutura. De 2011 a 2015, a China deverá investir pelo menos R$ 3,2 trilhões em aeroportos, ferrovias, rodovias, portos, energia elétrica e telecomunicações, segundo levantamento do iG com base em números divulgados por autoridades e pela imprensa oficial do país. E o país não tem nenhuma previsão de sediar uma Copa do Mundo tão cedo.

O valor é nove vezes maior do que o estimado para os mesmos setores no Brasil também em cinco anos, no período de 2010 a 2014. Veja a comparação no infográfico abaixo.

Os aportes em infraestrutura são de altíssima prioridade em um momento em que a China pretende incentivar o consumo interno – e ficar menos dependente das exportações -, levando parte da população que vive no campo para as cidades.

“O governo vem colocando bilhões de dólares em estradas, aeroportos, sistemas de transmissão de energia e escolas. É uma forma de preparar cidades para receberem mais moradores”, afirma Daniel Lau, chefe do escritório para a China na auditoria KPMG.

Ao mesmo tempo, uma boa infraestrutura para viajar aquece o setor de turismo dentro do país.Hoje, os chineses podem percorrer 8 mil quilômetros em limpos e modernos trens de alta velocidade. O iG passou por seis trechos e, mesmo em cidades menores, não houve atraso e os vagões eram novos e confortáveis. Ao todo, são mais de 26 rotas, ligando 43 cidades, além do MagLev, trem de levitação magnética que atinge 431 Km/hora no trajeto do aeroporto de Pudong ao centro de Xangai.

Até 2013, o plano do governo é atingir 13 mil quilômetros de ferrovias para trens velozes para passageiros – o que daria para ir três vezes de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, até Macapá, no Amapá.

No total, as estradas de ferro chinesas devem receber investimentos de aproximadamente R$ 680 bilhões até 2015, segundo declaração de Sheng Guangzu, ministro das Ferrovias. No Brasil, os planos são de um investimento dez vezes inferior, de aproximadamente R$ 60,4 bilhões, incluindo o projeto do trem bala que ligará o Rio de Janeiro a Campinas, com 510 quilômetros de extensão, de acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Os investimentos chineses em infraestrutura superam os brasileiros não apenas em valor total, mas também em porcentagem do PIB. Se os aportes se concretizarem e forem distribuídos de forma equilibrada nos próximos cinco anos, nos dois países, a China investirá em torno de 11% do PIB do país em infraestrutura anualmente, contra 3,4% do Brasil.

Mas os números podem ser maiores. Na China, foram considerados apenas os aportes cujos valores foram anunciados. No caso dos portos, por exemplo, o governo chinês afirma que pretende construir seis novas unidades para materiais pesados, além de expandir e modernizar os já existentes. No entanto, a quantia que será usada para todos os projetos não foi revelada. No levantamento, o iG considerou apenas os investimentos que serão feitos na província de Shandong e no porto de Ningbo, na província de Zhejiang. Nas contas do Brasil, entraram os dados coletados pela Infraero e do BNDES.

Fonte: AviaçãoGeral.Com

E A FARRA COM O DINHEIRO PÚBLICO CONTINUA



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Povo privatizado, vida de gado!

Por que o brasileiro não se indigna e não vai à praça protestar contra a corrupção? Ensaio uma resposta antes de alguns dias de folga

Juan Arias, correspondente do jornal espanhol El País no Brasil, escreveu no dia 7 um artigo indagando onde estão os indignados do Brasil. Por que não ocupam as praças para protestar contra a corrupção e os desmandos? Não saberiam os brasileiros reagir à hipocrisia e à falta de ética dos políticos? Será mesmo este um país cujo povo tem uma índole de tal sorte pacífica que se contentaria com tão pouco? Publiquei, posts abaixo, a íntegra de seu texto. Afirmei que ensaiaria uma resposta, até porque a indagação de Arias, um excelente jornalista, é procedente e toca, entendo, numa questão essencial dos dias que correm. A resposta não é simples nem linear. Há vários fatores distintos que se conjugam. Vamos lá.

Povo privatizado
O “povo” não está nas ruas, meu caro Juan, porque foi privatizado pelo PT. Note que recorro àquele expediente detestável de pôr aspas na palavra “povo” para indicar que o sentido não é bem o usual, o corriqueiro, aquele de dicionário. Até porque este escriba não acredita no “povo” como ente de valor abstrato, que se materializa na massa na rua. Eu acredito em “povos” dentro de um povo, em correntes de opinião, em militância, em grupos organizados — e pouco importa se o que os mobiliza é o Facebook, o Twitter, o megafone ou o sino de uma igreja. Não existe movimento popular espontâneo. Essa é uma das tolices da esquerda de matriz anarquista, que o bolchevismo e o fascismo se encarregaram de desmoralizar a seu tempo. O “povo na rua” será sempre o “povo na rua mobilizado por alguém”. Numa anotação à margem: é isso o que me faz ver com reserva crítica — o que não quer dizer necessariamente “desagrado” — a dita “Primavera Árabe”. Alguém convoca os “povos”.

No Brasil, as esquerdas, os petistas em particular, desde a redemocratização, têm uma espécie de monopólio da praça. Disse Castro Alves: “A praça é do povo como o céu é do condor”. Disse Caetano Veloso: “A praça é do povo como o céu é do avião” (era um otimista; acreditava na modernização do Bananão). Disse Lula: “A praça é do povo como o povo é do PT”. Sim, responderei ao longo do texto por que os não-petistas não vão às ruas quase nunca. Um minutinho. Seguindo.

O “povo” não está nas ruas, meu caro Juan Arias, porque o PT compra, por exemplo, o MST com o dinheiro que repassa a suas entidades não exatamente para fazer reforma agrária, mas para manter ativo o próprio aparelho político — às vezes crítico ao governo, mas sempre unido numa disputa eleitoral. Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Haddad, ministro da Educação e candidato in pectore do Apedeuta à Prefeitura de São Paulo, estarão neste 13 de julho no 52º Congresso da UNE. Os míticos estudantes não estão nas ruas porque empenhados em seus protestos a favor. Você tem ciência, meu caro Juan, de algum outro país do mundo em que se fazem protestos a favor do governo? Talvez na Espanha fascista que seus pais conheceram, felizmente vencida pela democracia. Certamente na Cuba comuno-fascistóide dos irmãos Castro e na tirania síria. E no Brasil. Por quê?

Porque a UNE é hoje uma repartição pública alimentada com milhões de reais pelo lulo-petismo. Foi comprada pelo governo por quase R$ 50 milhões. Nesse período, esses patriotas, meu caro Juan, se mobilizaram, por exemplo, contra o “Provão”, depois chamado de Enade, o exame que avalia a qualidade das universidades, mas não moveram um palha contra o esbulho que significa, NA FORMA COMO EXISTE, o ProUni, um programa que já transferiu bilhões às mantenedoras privadas de ensino, sem que exista a exigência da qualidade. Não se esqueça de que a UNE, durante o mensalão, foi uma das entidades que protestaram contra o que a canalha chamou “golpe da mídia”. Vale dizer: a entidade saiu em defesa de Delúbio Soares, de José Dirceu, de Marcos Valério e companhia. Um de seus ex-presidentes e então um dos líderes das manifestações que resultaram na queda de Fernando Collor é hoje senador pelo PT do Rio e defensor estridente dos malfeitos do PT. Apontá-los, segundo o agora conservador Lindbergh Farias, é coisa de conspiração da “elites”. Os antigos caras-pintadas têm hoje é a cara suja; os antigos caras-pintadas se converteram em verdadeiros caras-de-pau.

Centrais sindicais

O que alguns chamam “povo”, Juan, chegaram, sim, a protestar em passado nem tão distante, no governo FHC. Lá estava, por exemplo, a sempre vigilante CUT. Foi à rua contra o Plano Real. E o Plano Real era uma coisa boa. Foi à rua contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. E a Lei de Responsabilidade Fiscal era uma coisa boa. Foi à rua contra as privatizações. E as privatizações eram uma coisa boa. Saiba, Juan, que o PT votou contra até o Fundef, que era um fundo que destinava mais recursos ao ensino fundamental. E onde estão hoje a CUT e as demais centrais sindicais?

Penduradas no poder. Boa parte dos quadros dos governos Lula e Dilma vem do sindicalismo — inclusive o ministro que é âncora dupla da atual gestão: Paulo Bernardo (Comunicações), casado com Gleisi Hoffmann (Casa Civil). O indecoroso Imposto Sindical, cobrado compulsoriamente dos trabalhadores, sejam sindicalizados ou não, alimenta as entidades sindicais e as centrais, que não são obrigadas a prestar contas dos milhões que recebem por ano. Lula vetou o expediente legal que as obrigava a submeter esses gastos ao Tribunal de Contas da União. Os valentes afirmaram, e o Apedeuta concordou, que isso feria a autonomia das entidades, que não se lembraram, no entanto, de serem autônomas na hora de receber dinheiro de um imposto.

Há um pouco mais, Juan. Nas centrais, especialmente na CUT, os sindicatos dos empregados das estatais têm um peso fundamental, e eles são hoje os donos e gestores dos bilionários fundos de pensão manipulados pelo governo para encabrestar o capital privado ou se associar a ele — sempre depende do grau de rebeldia ou de “bonomia”do empresariado.

O MST, A UNE E OS SINDICATOS NÃO ESTÃO NAS RUAS CONTRA A CORRUPÇÃO, MEU CARO JUAN, PORQUE SÃO SÓCIOS MUITO BEM-REMUNERADOS DESSA CORRUPÇÃO. E fornecem, se necessário, a mão-de-obra para o serviço sujo em favor do governo e do PT. NÃO SE ESQUEÇA DE QUE A CÚPULA DOS ALOPRADOS PERTENCIA TODA ELA À CUT. Não se esqueça de que Delúbio Soares, o próprio, veio da… CUT!

Isso explica tudo? Ou: “Os Valores”

Ainda não!

Ao longo dos quase nove anos de poder petista, Juan, a sociedade brasileira ficou mais fraca, e o estado ficou mais forte; não foi ela que o tornou mais transparente; foi ele que a tornou mais opaca. Em vez de se aperfeiçoarem os mecanismos de controle desse estado, foi esse estado que encabrestou entidades da sociedade civil, engajando-as em sua pauta. Até a antes sempre vigilante Ordem dos Advogados do Brasil flerta freqüentemente com o mau direito — e o STF não menos — em nome do “progresso”. O petismo fez das agências reguladoras meras repartições partidárias, destruindo-lhes o caráter.

Enfraqueceram-se enormemente os fundamentos de uma sociedade aberta, democrática, plural. Em nome da diversidade, da igualdade e do pluralismo, busca-se liquidar o debate. A Marcha para Jesus, citada por você, à diferença do que querem muitos, é uma das poucas expressões do país plural que existe de fato, mas que parece não existir, por exemplo, na imprensa. À diferença do que pretendem muitos, os evangélicos são um fator de progresso do Brasil — se aceitarmos, então, que a diversidade é um valor a ser preservado.

Por que digo isso? Olhe para a sua Espanha, Juan, tão saudavelmente dividida, vá lá, entre “progressistas” e “conservadores” — para usar duas palavras bastante genéricas —, entre aqueles mais à esquerda e aqueles mais à direita, entre os que falam em nome de uma herança socialista e mais intervencionista, e os que se pronunciam em favor do liberalismo e do individualismo. Assim é, você há de convir, em todo o mundo democrático.

Veja que coisa, meu caro: você conhece alguma grande democracia do mundo que, à moda brasileira, só congregue partidos que falam uma linguagem de esquerda? Pouco importa, Juan, se sabem direito o que dizem e são ou não sinceros em sua convicção. O que é relevante é o fato de que, no fim das contas, todos convergem com uma mesma escolha: mais estado e menos indivíduo; mais controle e menos liberdade individual. Como pode, meu caro Juan, o principal partido de oposição no Brasil pensar, no fim das contas, que o problema do PT é de gestão, não de valores? Você consegue se lembrar, insisto, de alguma grande democracia do mundo em que a palavra “direita” virou sinônimo de palavrão? Nem na Espanha que superou décadas de franquismo.

Imprensa

Se você não conhece democracia como a nossa, Juan, sabe que, com as exceções que confirmam a regra, também não há imprensa como a nossa no mundo democrático no que concerne aos valores ideológicos. Vivemos sob uma quase ditadura de opinião. Não que ela deixe de noticiar os desmandos — dois ministros do governo Dilma caíram, é bom deixar claro, porque o jornalismo fez o seu trabalho. Mas lembre-se: nesta parte do texto, trato de valores.

Tome como exemplo o Código Florestal. Um dia você conte em seu jornal que o Brasil tem 851 milhões de hectares. Apenas 27% são ocupados pela agricultura e pela pecuária; 0,2% estão com as cidades e com as obras de infra-estrutura. A agricultura ocupa 59,8 milhões (7% do total); as terras indígenas, 107,6 milhões (12,6%). Que país construiu a agropecuária mais competitiva do mundo e abrigou 200 milhões de pessoas em apenas 27,2% de seu território, incluindo aí todas as obras de infra-estrutura? Tais números, no entanto — do IBGE, do Ibama, do Incra e da Funai — são omitidos dos leitores (e do mundo) em nome da causa!

A crítica na imprensa foi esmagada pelo engajamento; não se formam nem se alimentam valores de contestação ao statu quo — que hoje, ora veja!, é petista. Por quê? Porque a imprensa de viés realmente liberal é minoritária no Brasil. Dá-se enorme visibilidade aos movimentos de esquerdistas, mas se ignoram as manifestações em favor do estado de direito e da legalidade. Curiosamente, somos, sim, um dos países mais desiguais do mundo, que está se tornando especialista em formar líderes que lutam… contra a desigualdade. Entendeu a ironia?

Quem vai à rua?

Ora, Juan, quem vai, então, à rua? Os esquerdistas estão se fartando na lambança do governismo, e aqueles que não comungam de suas idéias e que lastimam a corrupção e os desmandos praticamente inexistem para a opinião pública. Quando se manifestam, são tratados como párias. Ou não é verdade que a imprensa trata com entusiasmo os milhões da parada gay, mas com evidente descaso a marcha dos evangélicos? A simples movimentação de algumas lideranças de um bairro de classe média para discutir a localização de uma estação de metro é tratada por boa parte da imprensa como um movimento contra o… “povo”.

As esquerdas dos chamados movimentos sociais estão, sim, engajadas, mas em defender o governo e seus malfeitos. Afirmam abertamente que tudo não passa de uma conspiração contra os movimentos populares. As esquerdas infiltradas na imprensa demonizam toda e qualquer reação de caráter legalista — ou que não comungue de seus valores ditos “progressistas” — como expressão não de um pensamento diferente, divergente, mas como manifestação de atraso.

Descrevi, meu caro Juan, o que vejo. Isso tem de ser necessariamente assim? Acho que não! A quem cabe, então, organizar a reação contra a passividade e a naturalização do escândalo, na qual se empenha hoje o PT? Essa indagação merecerá resposta num outro texto, que este já vai longe. Fica para depois do meu descanso.

Do seu colega brasileiro Reinaldo Azevedo.

Por Reinaldo Azevedo

Fonte: VejaCom

Este até agora é um governo de erros, mais nada!


Dora Kramer - O Estado de S.Paulo - Tristeza não tem fim

Se a presidente Dilma Rousseff fica "triste" com muita coisa que acontece em seu governo, como disse em recente entrevista de rádio, que dirá o público que assiste a elas sem entender da missa a metade e muitas vezes incorporando como verdadeiras versões que douram a pílula, mas não traduzem a realidade?

Governantes não são eleitos para compartilhar emoções pessoais, embora existam momentos em que seja necessário fazê-lo. Não é o caso de situações em que o governo se vê face a face com desvios de conduta de seus integrantes.

Nessas ocasiões, o que interessa não são os adjetivos com os quais a autoridade se define perante os fatos, mas a sua capacidade de tratá-los com ações substantivas.
E é isso que Dilma não tem feito, a despeito de ser conceituada como pessoa implacável, enérgica, resoluta. O que se viu até agora é que, pelo menos no exercício da Presidência, ela pode até ser veemente, impetuosa, mas está a léguas de distância de fazer jus à fama que construiu no quesito poder de decisão.

Errou na administração atabalhoada da derrota da posição que defendia o governo na votação do Código Florestal na Câmara, quando pretendeu enfrentar no grito o PMDB mandando seu então chefe da Casa Civil ameaçar o vice-presidente com a demissão dos ministros do partido.

Errou na avaliação de que o tempo resolveria a óbvia impossibilidade de Antonio Palocci explicar seu súbito enriquecimento, e levou na cabeça uma crise de 23 dias.

Erra muito mais agora na condução atabalhoada da demissão do primeiro escalão do Ministério dos Transportes. A aparência inicial foi de que teria aprendido parte da lição resolvendo afastar suspeitos de corrupção tão logo a revista Veja publicou que dias antes passara uma reprimenda em regra nos subordinados.

Ocorre que só tomou uma atitude depois que o fato veio a público. Se havia convicção sobre a má conduta dos servidores, à presidente cumpriria demiti-los por isso e não porque o assunto foi divulgado.

Esperou também que a imprensa publicasse novas denúncias sobre o ministro dos Transportes para demiti-lo depois de tê-lo preservado e, dois dias antes, manifestado "confiança" nele, em surpreendente nota oficial.

Convidou para substituir Alfredo Nascimento um senador (Blairo Maggi) cuja empresa tem negócios com o governo, deixando a ele a prerrogativa de um julgamento que deveria ser dela.

Efetivou como substituto o secretário executivo que, por mais correto que seja, esteve durante todo tempo no ambiente que a presidente tratou como um antro que estaria prestes a desestabilizar o seu governo, e por meses foi ministro quando o titular se afastou para disputar o Senado.

Nos dois últimos dias Dilma Rousseff vê em comissões do Congresso o diretor por ela demitido declarar-se em férias, receber homenagens de todos os partidos aliados e ainda afirmar que a presidente esteve sempre a par "de tudo" o que se passou no Ministério dos Transportes.
É de entristecer, sem dúvida. O público, não a presidente a quem caberia agir. Com firmeza, mas, sobretudo, coerência.

Aparências. A retirada do BNDES do negócio pretendido por Abílio Diniz com a fusão do grupo Pão de Açúcar ao Carrefour contrasta com a defesa veemente que os ministros Gleisi Hoffmann e Fernando Pimentel fizeram da fusão.

Não foi, portanto, uma decisão pautada na inconveniência da transação, mas um recuo em função da má repercussão.

Artifício. Coisinha mais bisonha essa festa com bolo e bonecos de Dilma e Temer ao molde de um casal, feita pelo PMDB e pelo PT para celebrar harmonia onde grassa a discórdia.

O assunto - a tensão entre os principais partidos do governo - é sério e de interesse público. Petistas e pemedebistas infantilizam o ato justamente para que o público não se interesse por ele.

Um pingo de seriedade no trato da questão não faria mal a suas excelências.

Fonte: ESTADÃO

A ética do vale-tudo



José Serra @joseserra_

São Paulo, 12 de julho de 2011.

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Porque não reagimos a tamanha corrupção?

Por qué los brasileños no reaccionan ante la corrupción de sus políticos?

JUAN ARIAS - Río de Janeiro - 07/07/2011 - ANÁLISIS

El hecho de que en solo seis meses de Gobierno, la presidenta Dilma Rousseff haya tenido que pedir la dimisión a dos ministros de primera importancia, heredados del gabinete de su antecesor Luiz Inácio Lula da Silva, el de la Casa Civil o Presidencia, Antonio Palocci -una especie de primer ministro- y el de Transportes, Alfredo Nascimento, caídos ambos bajo los escombros de la corrupción política, ha hecho preguntarse a los sociólogos por qué en este país, donde la impunidad de los políticos corruptos ha llegado a crear una verdadera cultura de que "todos son ladrones" y que "nadie va a la cárcel", no exista el fenómeno, hoy en voga en el mundo, del movimiento de los indignados.

¿Es que los brasileños no saben reaccionar frente a la hipocresía y falta de ética de muchos de los que les gobiernan? ¿Es que no les importa que tantos políticos que les representan en el Gobierno, en el Congreso, en los Estados o en los municipios, sean descarados saboteadores del dinero público? se preguntan no pocos analistas y blogueros políticos.

Ni siquiera los jóvenes, trabajadores o estudiantes, han manifestado hasta ahora la más mínima reacción ante la corrupción de quienes les gobiernan. Curiosamente, la más irritada ante el atraco a las arcas públicas del Estado parece ser la presidenta Rousseff, que ha mostrado públicamente su disgusto por el "descontrol" actual en áreas de su Gobierno y ha echado ya literalmente de su Ejecutivo -y se dice que no ha acabado aún la purga- a dos ministros clave, con el agravante de que eran heredados de su sucesor, el popular expresidente Lula da Silva, que le había pedido que los mantuviera en su Gobierno.

La prensa brasileña alude a que Rousseff ha empezado -y el precio que tendrá que pagar será elevado- a deshacerse de una cierta "herencia maldita" de hábitos de corrupción que vienen del pasado. Y la gente de la calle ¿por qué no le hace eco resucitando también aquí el movimiento de los indignados? ¿Por qué no se movilizan las redes sociales? Brasil, que con motivo de la llamada marcha Directas ya (una campaña política llevada a cabo en Brasil durante los años 1984 y 1985 con la cual se reivindicaba el derecho a elegir al presidente del país por voto directo de los electores), se echó a la calle tras la dictadura militar para pedir elecciones, símbolo de la democracia, y también lo hizo para obligar al expresidente Fernando Collor de Mehlo (1990-1992) a dejar la Presidencia de la República ante las acusaciones de corrupción que pesaban sobre él, hoy está mudo ante la corrupción. Las únicas causas capaces de sacar a la calle hasta dos millones de personas son los homosexuales, los seguidores de las iglesias evangélicas en la fiesta de Jesús y los que piden la liberalización de la marihuana.

¿Será que los jóvenes, especialmente, no tienen motivos para exigir un Brasil no solo más rico cada día, o por lo menos menos pobre, más desarrollado, con mayor fuerza internacional, sino también un Brasil menos corrupto en sus esferas políticas, más justo, menos desigual, donde un concejal no gane hasta 10 veces más que un maestro y un diputado 100 veces más, o donde un ciudadano común después de 30 años de trabajo se jubile con 650 reales (400 euros) y un funcionario público con hasta 30.000 reales (13.000 euros).

Brasil será pronto la sexta potencia económica del mundo, pero sigue a la cola en la desigualdad social, en la defensa de los derechos humanos, donde la mujer aún no tiene el derecho de abortar, el paro de las personas de color es de hasta de un 20%, frente al 6% de los blancos, y la policía es una de las que causa más muertes en el mundo.

Hay quien achaca la apatía de los jóvenes a ser protagonistas de una renovación ética en el país, al hecho de que una propaganda bien diseñada les habría convencido de que Brasil es hoy envidiado por medio mundo, y lo es en otros aspectos. O que la salida de la pobreza de 30 millones de ciudadanos les habría hecho creer que todo va bien, sin entender que un ciudadano de clase media europea equivale aún hoy a un rico de aquí.

Otros atribuyen el hecho a que los brasileños son gente pacífica, poco dada a las protestas, a quienes les gusta vivir felices con lo mucho o poco que tienen y que trabajan para vivir en vez de vivir para trabajar. Todo ello es también cierto, pero no explica que en un mundo globalizado, donde hoy se conoce al instante todo lo que ocurre en el planeta, empezando por los movimientos de protesta de millones de jóvenes que piden democracia o la acusan de estar degenerada, los brasileños no luchen para que el país además de ser más rico sea también más justo, menos corrupto, más igualitario y menos violento a todos los niveles.

Ese Brasil que los honestos sueñan dejar como herencia a sus hijos y que -también es cierto- es aún un país donde sus gentes no han perdido el gusto de disfrutar de lo que tienen, sería un lugar aún mejor si surgiera un movimiento de indignados capaz de limpiarlo de las escorias de corrupción que abraza hoy a todas las esferas del poder.

Fonte: ElPais

Economia brasileira é 'bicicleta difícil de pedalar,' diz 'Financial Times'

A forte valorização do real e o aumento da disponibilidade de crédito como consequência do grande fluxo de capitais para o Brasil ameaçam interromper o ciclo de crescimento econômico do país, segundo adverte um editorial do jornal britânico "Financial Times" publicado nesta sexta-feira.

Em um texto intitulado "Feridas brasileiras", o jornal compara a economia brasileira a uma bicicleta. "Ela funciona enquanto estiver em movimento", diz o editorial. "Agora, porém, está ficando mais difícil pedalar."
O jornal observa que o real se valorizou 40% em termos reais desde 2006 e que no mesmo período as importações brasileiras quase dobraram, enquanto as exportações cresceram apenas 5%.

"A única razão pela qual o deficit em conta corrente brasileiro não explodiu são os altos preços das commodities. Mas esse boom pode não durar para sempre", alerta o jornal.

Crédito

O editorial comenta ainda que a liquidez em abundância também ajudou a impulsionar o crédito doméstico, mas que os consumidores brasileiros agora parecem estar sobrecarregados, gastando mais que um quarto de suas rendas para o pagamento de empréstimos - nível superior ao verificado nos Estados Unidos no período anterior à crise de 2008.

Para o jornal, o crescimento do crédito no Brasil somente pode ocorrer se a renda também continuar a crescer.

"É aí que a bicicleta econômica se depara com a trincheira da guerra cambial", afirma o jornal, observando que o aumento da renda eleva a demanda e a pressão inflacionária, exigindo o aumento dos juros, que atraem mais capital externo, elevando ainda mais a cotação da moeda, aumentando com isso a atração das importações e prejudicando a competitividade das exportações.

"O resultado é um déficit em conta corrente mais amplo, e um limite no crescimento exigido nos salários para manter o crédito doméstico crescendo com segurança", diz o jornal.

Soluções

O editorial afirma que uma das maneiras de contornar o problema seria conter a valorização da moeda, mas observa que o governo brasileiro já tentou medidas como controles parciais de capitais e grandes intervenções no mercado cambial, mas sem sucesso.

Outra possibilidade seria o corte de gastos públicos, dificultados pelo Congresso.

Um terceiro caminho seria a elevação dos impostos sobre o setor de commodities, mas o texto observa que mesmo outras economias ricas em commodities e com melhor administração, como o Chile e a Austrália, estão sofrendo com problemas semelhantes e que os problemas no Brasil são mais agudos por causa do tamanho da economia do país.

O editorial conclui dizendo que "a bicicleta brasileira ainda não está arriscada a parar". "Mas está balançando", finaliza o texto.

Fonte: UOL-NOTICIAS-ECONOMIA

A presidente se maculou

05 de julho de 2011 - Editorial, Estadão (*)

A decisão da presidente Dilma Rousseff de manter o senador amazonense e presidente (licenciado) do PR, Alfredo Nascimento, no comando do Ministério dos Transportes imprimiu à sua passagem pelo Planalto uma indelével marca negativa. No sábado, quando a revista Veja noticiou que a corrupção corria solta na cúpula da pasta, Dilma mandou Nascimento afastar de imediato os quatro servidores de sua confiança que teriam ligações com o esquema - o que criou a expectativa de que o próprio ministro perderia o cargo em seguida. Seria a ordem natural das coisas, ainda que ele não figurasse entre os envolvidos por atos alegadamente praticados do outro lado da parede do seu gabinete e não fizesse por merecer o que dele afirmou há tempos o governador Cid Gomes, do Ceará: "Inepto, incompetente e desonesto".
Ontem cedo, porém, o Planalto informou que Nascimento não só continua contando com a confiança da presidente, como ainda foi por ela incumbido de chefiar a apuração das malfeitorias no núcleo central do Ministério. Em vez de dar motivo para se evocar a metáfora da raposa e do galinheiro, esperava-se de Dilma que mandasse os órgãos apropriados investigar as denúncias e, no mínimo, adotasse o método Itamar, lembrado nos necrológios do ex-presidente: afastem-se os suspeitos enquanto as acusações contra eles são apuradas e sejam reempossados se a sua inocência for provada. A decisão de Dilma foi um baque para quem quer que imaginasse que, contrastando com as hesitações expressas nas suas idas e vindas em questões de interesse do governo, ela não vacilaria diante de uma denúncia de corrupção na sua administração - o primeiro escândalo do gênero a vir à luz neste seu meio ano de mandato.

A complacência da presidente trouxe de volta o padrão lulista de lidar com problemas dessa ordem: passando a mão na cabeça, como dizia a oposição, dos companheiros e aliados enredados em maracutaias. O PR de Nascimento - cujo secretário-geral é o notório deputado Valdemar Costa Neto, réu no processo do mensalão - é parceiro fiel de Lula desde a sua primeira eleição presidencial. E o suplente de Nascimento no Senado, João Pedro, compartilhou com o então presidente memoráveis pescarias no Amazonas. Lula teria imposto o seu nome para ocupar a cadeira de Nascimento no Senado, caso ele se afastasse. O que cuidou que acontecesse o indicando para o ministério onde Dilma o mantém. Com isso, aparentemente, teria evitado se atritar com o mentor e criar um novo contencioso na base, desta vez com os 40 deputados e os 6 senadores "republicanos".

O ato indefensável da presidente também surpreendeu os que achavam que ela procurava um pretexto para se livrar do ministro. Ainda na Casa Civil, quando Nascimento ocupou o mesmo cargo no governo Lula, ela o havia acareado com representantes do Tesouro para tirar a limpo a sua alegação de que o PAC não andava porque o dinheiro para as obras não saía. Caso a caso, os fatos o desmentiram. Já presidente, Dilma teria tido conhecimento de traficâncias na pasta - supõe-se até que o próprio governo teve parte na sua divulgação. E não se trata de quirera: R$ 1 bilhão para fazer 270 km de estrada, por exemplo. Seguindo a fórmula clássica, cobravam-se propinas dos interessados em abocanhar obras, superfaturavam-se os custos e permitia-se aos beneficiados engordar os contratos com aditivos. As comissões cobradas variam de 4% (das empreiteiras) a 5% (dos projetistas).

O grosso do butim iria para o caixa 2 do PR. Uma parcela ficava para ser rateada entre os seus parlamentares dos Estados onde se faziam as obras. O mentor da operação seria o deputado mensaleiro Valdemar Cosa Neto. Seus parceiros, o chefe do gabinete de Nascimento, Mauro Barbosa da Silva, e o assessor Luiz Tito Bonvini. Um seria o "dono da chave", de acordo com a revista. O outro, o "homem da pasta". Além deles, foram afastados de seus cargos o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Luiz Antônio Pagot, e o presidente da Valec Engenharia, José Francisco das Neves, o Juquinha. Eles saírem e Nascimento ficar, ainda por cima com a missão de "coordenar" a apuração das denúncias, é uma aberração. Depois dessa estreia, não se vê como Dilma se livrará do estigma de tolerar corrupção.
(*) Fonte: estadao

“Princípio Gulag”

05 de julho de 2011 - Por Maria Lucia Victor Barbosa (*)

O Brasil está vivendo uma verdadeira septicemia corruptiva, uma infecção moral generalizada, cujo maior fomentador tem sido o ex-presidente Lula da Silva.

Ao patrocinar a corrupção política dizendo sempre que nada sabe, nada viu; ao institucionalizar a prática de comprar parlamentares que foi apelidada de “mensalão”; ao abençoar companheiros aloprados; ao pregar que “se todo mundo faz nós podemos fazer também”; ao proteger o assassino Cesare Battisti rompendo tratado internacional ou acolher bandidos das Farc, ele sinalizou que tudo pode ser praticado impunemente. Acrescente-se que no momento a impunidade foi reforçada pela última invenção jurídica, segundo a qual ninguém vai preso e quem está preso vai ser solto.

Lula da Silva, é claro, não inventou a corrupção brasileira, mas a elevou a um grau assustadoramente alto. Hoje, só não rouba quem é honesto por princípio, por berço, por caráter. Porque as oportunidades estão escancaradas para quem quiser e, detalhe, sem riscos.

O ex-presidente, que aparece ostensivamente quando sua afilhada política fraqueja e vacila, o que tem sido uma constante, indicou os principais ministros do atual mandato, companheiros que já o haviam servido. Entre eles, o reincidente Antonio Palocci, querido do mercado, mas famoso, entre outros casos, pela quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo, o que no governo Lula ensejou sua queda. Como pessoas dificilmente mudam, Palocci despencou novamente envolvido numa cadeia de ilegalidades que foram fartamente noticiadas e documentadas pela imprensa. Como aconteceu com Lula da Silva, para que Rousseff não fosse atingida, Palocci bateu em retirada. Isto se deu de forma triunfal, em auditório estrategicamente lotado com sabujos palacianos que aplaudiram Palocci delirantemente.

Escândalos, que durante os dois mandatos de Lula da Silva explodiram em escala nunca vista continuam atingindo altas autoridades, que seguem impávidas no país onde tudo é permitido. Se a pessoa é “amiga do rei” pode ficar sossegada.

Esse, por exemplo, é o caso do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que se veio à televisão execrar os bombeiros aos quais paga salário de R$ 950,00, chamando-os de vândalos e delinquentes, não apareceu para explicar suas nebulosas ligações com a iniciativa particular. As “zelite”, como diz Lula da Silva, o que significa na língua “petê” os “malditos capitalistas” que sustentam campanhas milionárias, inclusive, as presidenciais, tendo depois sua “justa” paga em bilhões através de favorecimentos públicos.

Junte-se ao espetáculo da avassaladora corrupção, o do cinismo extremo. Recentemente isso pode ser ilustrado pela performance do ministro Aloísio Mercadante que, acuado pelo fogo amigo negou ter chefiado o “Dossiê dos Aloprados”, sórdida montagem de dados falsos que visava derrubar a candidatura do tucano José Serra ao governo de São Paulo. Aliás, desse tipo de dossiê o PT entende.

No país onde existe licença para roubar e para matar; que direitos humanos são apenas para bandidos; que é claro o objetivo de manter as novas gerações na ignorância ensinando que o certo é o errado, que 10 – 7 = 4; que a sociedade se encontra moralmente corrompida não sabendo mais distinguir entre o certo e o errado; outro enorme malefício, pouco notado, é inoculado pelos “intelectuais orgânicos” petistas. Vou chamá-lo de “princípio gulag”.

Este termo pertence a Vladmir Bukovsky, autor do “Tratado de Lisboa”, dirigido aos portugueses e aos demais europeus. Afirma o autor: “Na URSS tínhamos o gulag”. “Creio que ele existe também na UE, mas um gulag intelectual, designado por politicamente correto”.

De forma impressionante essa característica se adequa com perfeição também ao Brasil, pois conclui Bukovsky:
“Experimentem dizer o que pensam sobre questões como raça e sexualidade”. “Se suas opiniões não forem ‘boas’, ou seja, não forem politicamente corretas, vocês serão marginalizados”. “E isto é o começo do que podemos chamar de princípio gulag, ou seja, o começo da perda da liberdade”.

Lula da Silva diz que não é de esquerda e o PT, para conquistar o poder máximo da República, acalmou o sensível mercado. Curiosamente, porém, o PT age com métodos totalitários, pois a propaganda anestesiou a sociedade que se quedou extasiada diante da retórica inflamada de um pequeno Hitler terceiro-mundista. Ao mesmo tempo, palavras pervertidas apareceram com uma visão deslocada que deforma a perspectiva de conjunto. O PT criou uma “novilíngua” adaptada ao politicamente correto. Assim, somos confrontados a um astigmatismo social e político. Enxergar de outro modo seria preconceito o que acarreta autocensura. A continuar assim o PT não sai do poder nem daqui a vinte anos.

(*) Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

Está tudo dominado

05 de julho de 2011 - Por Percival Puggina (*)

O sujeito me parou na rua: "Cadê os caras-pintadas? Cadê os caras-pintadas?" A mão no meu peito parecia disposta a impedir qualquer possibilidade de que a pergunta ou o perguntador fossem driblados. Era preciso responder. Respondi: "Você não está querendo sugerir que os caras-pintadas expressavam espontaneamente uma sentida revolta popular, está?". Ele me olhou surpreso: "Como que não? Como que não?". Em sua indignação ele dizia tudo duas vezes. Acho que uma para si mesmo e outra para mim.

Tentarei resumir o que falei àquele meu interlocutor. Ele não sabia que contingentes expressivos de caras-pintadas saíram às ruas para derrubar o Collor, não só porque ele forneceu motivos, mas, principalmente, porque faziam parte de uma grande corrente aparelhada pelo PT e seus parceiros, ou foram por ela levados a pintar o rosto.

Há muitos anos, desde antes da nossa redemocratização, teve início um processo revolucionário, de ação gradual, mediante infiltração e ocupação de espaços para tomada do poder através da cultura. Não foi e não é um fenômeno apenas brasileiro ou latino-americano. Trata-se de algo que aconteceu e segue acontecendo em todo o Ocidente. O Foro de São Paulo organiza o trabalho na América Latina e no Caribe e o Brasil é um dos casos de sucesso. A revolução é cultural, mas o objetivo é político: a esquerda no poder, para ficar.

A melhor maneira de mostrar o que aconteceu é adotar como ponto de partida não uma sequência cronológica de fatos, mas exibir a obra já feita, o produto acabado, porque não há consequência sem causa. Não há laranja sem que tenha havido laranjeira. Não há corrente sem que elos sejam criados e unidos. Não há hegemonia sem construção de hegemonia.

Vamos, então, às laranjas. Recentemente, houve eleição para o sindicato dos professores do Rio Grande do Sul. Digladiaram-se três chapas, sendo duas encabeçadas por petistas. A eleição se travou no que deveria ser o pior período possível para essas duas chapas. O magistério estadual acabara de ver frustradas as expectativas de que o governo Tarso fosse atender as exigências que seu partido, em coro com as lideranças classistas, fazia aos que o antecederam no Piratini. Calote puro e simples. Não bastante isso, o PT estava, nesses mesmos dias, adicionalmente, elevando a alíquota de contribuição previdenciária de todos os servidores com vencimentos superiores a R$ 3,6 mil. Pois o pacote de maldades em nada afetou o alinhamento ideológico do magistério público. As duas chapas de esquerda perfizeram mais de 90% dos votos! Por quê? Porque para gente bem doutrinada o projeto político subordina tudo e todos.

Com raras, raríssimas exceções, quando contemplamos, em visão de conjunto, a educação nacional, pública ou privada, leiga ou religiosa, em todos os níveis, a situação é a mesma. Através da Educação e seus agentes, já nas salas de aula do ensino fundamental, a hegemonia vai subindo os degraus do sistema, envolvendo professores e alunos. Não é por acaso que a UNE vem sendo comandada pelo PCdoB desde quando o Aldo Rebelo era adolescente. A porta de entrada dos cursos de pós-graduação raramente não inclui uma banca com o poder de filtrar as ideias que ganharão assento nas salas de aula. Daí para o domínio das carreiras de Estado, dos concursos públicos, e até mesmo de suas provas, não vai mais do que um passo de dedo.

Assim, aos poucos, as teses da esquerda foram vestindo toga e chegaram aos tribunais. Primeiro, como vozes discordantes. Mais tarde, nas câmaras, os desembargadores comprometidos com a revolução pela cultura perdiam por 2 a 1. Depois, inverteram o placar. Aos poucos, passaram a controlar os Plenos. Chegaram aos tribunais superiores. Hoje dominam o STF.

Mais laranjas da mesma laranjeira podem ser contempladas na mídia. Os textos que saem das redações, as pautas, os enfoques, as análises servem notavelmente à revolução através da cultura. Direita não presta, conservador é nome feio, as religiões são culpadas por todos os males, católicos são seres desprezíveis. Pouco importa que a posição editorial seja diferente quando a informação, o comentário, o tópico mais lido, a manchete que resume a matéria, o tom de voz do locutor experiente, a imagem selecionada para ir à tela, afirmam num outro viés. Na televisão, a hegemonia da Rede Globo facilitou o projeto, mormente no que se relaciona com o enfraquecimento da instituição familiar, a lassidão dos costumes, a agenda gay, a ridicularização da religião e dos valores ainda apreciados pela sociedade.

Mesmo que escrutine os escaninhos da memória, não é de meu conhecimento instituição mais una do que a Igreja Católica, ao menos nos últimos cinco séculos. Pois esse baluarte foi rompido internamente por dissensos ideológicos promovidos pela mesmíssima revolução através da cultura. Não há o que os dois últimos pontífices tenham afirmado desde 1978 que seja capaz de afastar a CNBB, a maioria dos bispos, padres e seminaristas da herética Teologia da Libertação (TL). Nada nem ninguém prestou melhor serviço à hegemonia da esquerda do que a TL quando substituiu o pobre dos Evangelhos pelo excluído em nome do qual ela se proclama formulada. O pobre dos Evangelhos é objeto da caridade cristã, da virtude do amor ao próximo. O excluído da TL é parte ativa de um projeto revolucionário. Serviço feito.

Eu poderia prosseguir, apontando obviedades como a hegemonia exercida sobre os sindicatos e suas centrais, os movimentos sociais, a Justiça do Trabalho, a maior parte dos conselhos profissionais e suas confederações, as associações de bairro, e por aí afora. Mas não creio que seja mais necessário. Já provei o que queria. Note-se: tudo isso foi feito antes de Lula chegar lá.

Quando ele chegou, completou o serviço promovendo o encontro de todas essas estruturas - que o PT chama de "sociedade civil organizada" (por ele, claro) - com a brutal concentração de poderes que constitucionalmente convergem à pessoa do presidente e ao seu partido: chefia simultânea do Estado, do governo e da administração, das estatais e fundos de pensão; comando das principais fontes de financiamento interno (BB, BNDES, CEF), de 24% do PIB nacional, de poderosas e polpudas contas de publicidade capazes de excitar favoravelmente parcela expressiva da mídia; poderes para legislar por medida provisória, nomear ministros dos tribunais superiores, conceder e renovar concessões de emissoras de rádio e tevê, criar e distribuir cargos e favores.

Se o partido do governo detém tal poder e, simultaneamente, controla tudo que está organizado na sociedade, de onde, raios, poderão surgir os caras-pintadas? Das piedosas senhoras idosas da hora do Ângelus? Do clube de mães da vila Caiu-do-céu? O que podem eventuais organizações não alinhadas, dispersas e desprovidas de qualquer poder, contra quem coloca quatro milhões de militantes numa Parada Gay?

Nesse ponto, meu interlocutor já queria ir embora e era eu que o travava colocando a mão sobre seu peito. "Mas ainda existe a oposição! Ainda existe a oposição!", bradou, por fim, em sua desesperada dose dupla de santa ira. "Oposição? Não há oposição política no mundo capaz, neste momento, de sequer arranhar a teflon da máquina hegemônica petista. A blindagem não é do Palocci, da Erenice, do Lula ou do filho do Lula. O que está blindado é o projeto revolucionário, o projeto de poder. É de setores do próprio PT que surgem, eventualmente, problemas para o PT. E quando a oposição política mais forte leva o nome de "dissidência", é porque está tudo dominado e o totalitarismo está instalado". Quod erat demonstrandum.

(*) Percival Puggina (66) é titular do blog www.puggina.org, arquiteto, empresário e escritor, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Fonte: http://www.puggina.org/