Mirem-se no exemplo dos egípcios

14/02/2011 às 21:24 - Direto ao Ponto - Coluna do Augusto Nunes
Mirem-se no exemplo dos egípcios
Que fazer?, vivem perguntando nos sites e blogs da internet os incontáveis brasileiros indignados com a procissão de escândalos, afrontas e patifarias ─ todos aflitos com a impotência aparente. Se os partidos de oposição não se opõem, se não existe nenhuma organização capaz de aglutiná-los, se faltam líderes dispostos a conduzir a multidão de inconformados, como impedir que o Brasil fique cada vez mais parecido com um imenso clube dos cafajestes?
As interrogações foram desfeitas neste fim de semana. Mirem-se no exemplo dos egípcios, devem dizer uns aos outros os que testemunharam a agonia e a queda da ditadura de Hosni Mubarak. Não há como adivinhar o epílogo do drama ainda em curso, e a construção de uma democracia genuína pode ser mais difícil que o afastamento de um tirano. Seja qual for o desfecho, nada poderá revogar as lições contidas no luminoso primeiro ato, encerrado com o despejo de Mubarak.
Uma delas, velha como o mundo, ensina que a surdez dos donos do poder só pode ser superada pela voz rouca das ruas. Quem quer mudar as coisas precisa sair de casa, reiteraram os manifestantes da Praça Tahrir. Quem quer mudar as coisas sem se afastar da sala deve contentar-se em mudar o canal de TV com disparos do controle remoto. Mas a rebelião popular no Egito também ensinou que é possível fazer pela internet o que os políticos e os partidos não podem ou não querem fazer.
A mobilização de milhões de oposicionistas prescindiu de líderes carismáticos. Em seu lugar, agiram os ativistas da web. As manifestações não foram articuladas por organizações políticas, mas por correntes que se multiplicaram nas redes sociais. A exaustão dos mais velhos, a impaciência dos jovens egípcios e os impulsos libertários comuns fizeram o resto. Mubarak e seus comparsas acordaram tarde. Quando tentaram controlar o inimigo eletrônico, a multidão já estava nas ruas e nas praças do país.
A consolidação da democracia no Egito decerto exigirá articulações mais complexas, e não chegará a bom porto sem a entrada na rota de partidos consistentes e personagens que representem as diferentes tendências políticas. Neste aspecto, os democratas brasileiros estão em vantagem. O que ainda é um sonho para os egípcios já existe no Brasil. Aqui, não há uma ditadura a derrubar. Há um Estado Democrático de Direito a defender.
O aumento salarial que os parlamentares se concederam é um caso de polícia? A quarta eleição de José Sarney para a presidência do Senado é intolerável? A Polícia Federal vai varrendo furtivamente para baixo do tapete o escândalo da Receita Federal? O Planalto prepara a absolvição da delinquente Erenice Guerra? A máquina administrativa está infestada de corruptos impunes? O Executivo e o Legislativo tecem ostensivamente a trama concebida para obrigar o Judiciário a livrar da cadeia a quadrilha do mensalão?
Mirem-se no exemplo dos egípcios.

Fonte: Veja.com
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